Os lobos

Valéria Guerra


     O fato sobrenatural que trago hoje, ainda intriga muitíssimo ao meu esposo, que foi o protagonista do episódio, fato, ou como queiram classificar a verdade do acontecimento. Estava Ricardo passando uns dias na fazendola ou sítio de um de seus tios. Muito feliz por estar livre e  solto, lá pelos seus quinze anos de idade. Seus primos estavam reunidos de novo, e isso era motivo de muita alegria.

   A região serrana, onde ficava encravada a casa aconchegante e cercada de verde dava ao rapazola tudo que ele mais gostava: oxigênio, liberdade, um lago com muitos peixes e uma mata a explorar.

  O jovem ficaria apenas uma semana, porém seria muito bom, já que em férias escolares, tudo seria muito mais tranquilo, afinal Ricardo Alexandre era um menino para lá de estudioso. E quando estava sob aula, sua única diversão era realmente estudar, e o melhor conseguir as notas mais altas possíveis.

  Em um dos dias do tour pelo recanto, os quatro primos e amigos, mais o irmão do Ricardo, ou seja, cinco adolescentes, resolveram dar um passeio noturno pelo entorno da casa fazendária, e avançaram nas horas, preocupando o tio e a tia. Eles saíram por volta de seis e meia da tarde, e o relógio da sala de jantar já batia 22 h, e nada dos meninos voltarem, para jantar e dormir. Enquanto os tios confabulavam. Os jovens exploradores, tiveram uma experiência, que não gostam nem de pensar em passar novamente. Hoje, todos com mais de quarenta anos, vivem lembrando o fato, e sentindo arrepios. Ricardo, reconta a história aos filhos adultos, que por sua vez sentem medo. E questionam de onde vieram aqueles personagens animais e humano.

  Ao voltarem do passeio natural, pela agradabilíssima região, com muitas árvores, rios e arbustos, os primos resolveram entrar no carro do tio, que estava com as portas destrancadas, sentaram nos bancos e começaram a contar historietas de suspense e terror, em um dado do momento da prosa animada, uma figura masculina de cabelos longos e barba comprida, roupas desgrenhadas e carregando um galho de árvore seco e grosso, se aproximou do carro. Ricardo então pensou: - é impossível ser meu tio, o homem que vejo é diferente dele fisicamente. E está dentro das terras pertencentes a outrem, os rapazes ficaram com muito medo, e disseram ao primo mais velho: - O que faremos agora? mas o pior ainda estava por vir...

  Vários grunhidos de animais selvagens foram ouvidos, uivos mesmo, parecia ser de lobos selvagens, e grandes, pois não deu outra, surgiu uma alcateia. Havia cerca de 20 lobos, que mediam aproximadamente um metro de cumprimento, e pesavam mais de cinquenta quilos, todos do tipo cinzento, típicos do Alasca, Estados Unidos.

Impossível estarem em um local nacional, serrano no Rio de Janeiro.  Os lobos uivavam e atacavam o carro, todos dentro do veículo gritavam, menos Ricardo, que orava. O homem armado com o galho forte, chamou os lobos e sumiu na escuridão da noite...